domingo, 22 de junho de 2008

DIA 1 - Bafana e Dorothy




Banafa

Sol raiando na terra do ouro, aeroporto em obras antecipam o tempo de copa do mundo, alfândega super tranqüila com os brasileiros chegando, no saguão aguardamos o carro do Goethe, e no meio de um ambiente com aspecto decadente sofrendo reformas, surge Bafana, um homem negro de meia idade, o encarregado de nos dar boas vindas e nos levar ao hotel.

Muito simpático, não se opôs a gravar uma entrevista enquanto dirigia a van do Goethe Institut, na rayways modernas e movimentadas. Joanesburgo aparece espalhada entre carros. Aproximadamente cinco milhões de habitantes na innercity.

Passamos por cima do centro, em viadutos complexos, onde Bafana ia indicando os marcos arquitetônicos: uma antiga estação de trem que hoje é o museu da África e faz parte de um complexo cultural implantado pelo departamento de cultura em uma área decadente em downtown. A prisão que Bantho Steve Biko foi morto. Um dos grandes lideres na luta pelo fim do apartheid.

Uma central de tv e radio concentra todas as emissoras. Uma central de mídia impressa concentra quase todos os jornais no bairro Melville, o espaço nobre e seguro de andar na rua onde fica nossa pousada.
Bafana deu seu relato sobre os conflitos que estão ocorrendo e foi categórico em afirmar que os imigrantes vem para tirar os empregos dos sul-africanos. Colocou também que em tempos de Apartheid as coisas pareciam melhores.

“ ... I would say it’s because these people from outside, they take jobs from our people...” (Bafana)

Dorothy


Nosso primeiro dia em Joanesburgo, e já começamos a trabalhar e estabelecer contatos com os artistas locais. Através do Goethe, fomos levados pelo João, que desempenha o papel de produtor local e não fala português não, ao limite Leste da Downtown, o centro de Joanesburgo.
Uma ocupação artística por um coletivo, em uma antiga fabrica. Vários lances de escada e chegamos ao um sofisticado loft, de muito bom gosto, ocupado por Dorothy, uma artista plástica sul africana branca, muito consciente sobre o que está acontecendo hoje em Joanesburgo.

Ela nos contou sobre a geografia da cidade, que é bem espalhada, da degradação do centro, área hoje ocupada essencialmente por imigrantes, onde a tensão é muito grande.
A fuga de milhares de imigrantes da cidade, na sua maioria do Zimbábue e Moçambique por conta dos conflitos de intolerância, muitos indo para delegacias no centro, outros campos de refugiados nos limites da cidade, outros sem saber para onde fugir.

A violência contra a mulher, sendo que hoje na África do Sul, o lugar no mundo onde mais acontecem estupros.

Ela descreveu que para o homem africano é quase um rito de passagem, fazer sexo a forca com uma jovem, que nas pequenas células familiares, não existe o pudor de se ter relação sexual diante dos filhos. Do mito que se tem quando um homem infectado com o vírus da Aids transar com uma jovem virgem ele se cura da doença. Loucura entender esta situação.
Ela também se dispôs a nos apresentar a alguns artistas que trabalham com o nosso foco de pesquisa.

Vamos nos encontrar ainda na mesma mesa do simpósio sobre arte publica, que acontecera nos próximos dias 23 e 24 de junho, promovido pelo Goethe Institut, e ficamos também de passear pelos bairros do centro, o bairro dos moçambicanos entre outros.

“ We have a lots of ‘no go areas. ‘No go corredors’, ‘no go passages’, no go zones’. Lots of ‘no gos’. Lots of ‘walls’. " (Dorothy)

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