quinta-feira, 26 de junho de 2008

Zumbi Somos Nós no Drill Hall

Ha! Que progresso!
Dois dias intensos de programação no simpósio sobre arte pública promovido pelo Goethe Institut, onde se reuniram participantes de vários países do continente africano e alguns representantes da Alemanha e, nós, do Brasil.
Assuntos e exposição de trabalhos que tem muito em comum com a nossa realidade. Questões como: um porcento do orçamento destinado à cultura; programas verticais implantados pelos governantes; respostas de coletivos um tanto quanto ácidas; e por ai vai... Muitos contatos, muito cansaço e expectativa para a apresentação do nosso documentário.
Na posição delicada de ser o último na programação e, ainda, estar num espaço no centrão de Joburg, nos colocava a dúvida de um quórum para a apresentação do nosso trabalho. Feliz engano! Os participantes do simpósio, alguns freqüentadores do espaço e amigos que fizemos estes dias nos vai e vem nas ruas de Joburg, encheram a sala de apreensão do que vinha do outro lado do atlântico. Curiosidade e abertura para troca fizeram o cansaço passar longe daquela sala.
Depois de uma breve introdução com uma problemática tradução – experiência a apreender: trazer o texto introdutório já escrito em inglês - o som do berimbau do Mestre Dinho soou tão forte que reverberou silêncio no público. Xangô estava presente na entoação da Dofona. Roberta já é pop por estas bandas. E nunca teve tanto sentido as palavras porretas deste mestre Gaspar:
Lágrimas nos olhos em cantar junto Periafricania,
Somos filhos de uma terra sagrada,
Qualquer periferia,
Qualquer quebrada e um pedaço da África,
Zafricania, salve profeta, um hino para um povo só!
E... Ha! Que progresso!
Risos de identificação com o Frei David, a estória é a mesma dos dois lados deste enorme oceano. Passou rápido os 52 minutos de apresentação. Mesmo a organização do evento não esperando muitas perguntas, foi surpreendida. Vários braços erguidos com questões na ponta língua. Bateu forte. A impressão é que estávamos trazendo notícias, fotos de uma parte da família que está distante. Afinal, as informações que a aqui chegam são superficiais.
Questões como: o racismo da polícia não é apenas com os traficantes? Vocês não correm risco de vida fazendo este trabalho?
Surpresa, identificação, vontade de estreitar as relações... Zumbi Somos Nós foi uma única voz naquele fórum de Orixás que nos receberam!
Comunhão após a apresentação com todos comendo um jantar oferecido pelos integrantes do Drill Hall. Uma sala humilde, várias pessoas sentadas no chão, em torno de farta e deliciosa comida africana, humildemente oferecida a nós.
Ha! Que progresso!

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